Algumas linhas de pensamento certamente têm argumentos que esta crise pandémica será um momento de “disrupção” na distribuição e que poderá culminar no fim das lojas físicas tal como as conhecemos.
A minha visão não é essa. Os super, hiper e o discount, fazem parte do mundo de hoje que seguramente irão verificar-se importantes evoluções e transformações, mas a loja física com todos estes novos desafios certamente prevalecerá.
O Retalho Alimentar poderá sair mais forte desta crise, se aproveitar este momento para o desenvolvimento estratégico e planeamento a longo prazo.
Mais do que nunca é vital entender como o consumidor vive este momento, o que necessita e que comportamentos diferentes está ele próprio a adotar no seu ato de compra, relativamente como o fazia até há 3 meses. Como entender um novo mix de composição da venda, que terá forte impacto no layout de loja, nas ações de negociação e compra com os fornecedores, na operação do armazém e que irá culminar numa substancial alteração do mix de margem.
As primeiras análises do setor Alimentar, mostram já estas transformações:
Mas a mudança de hábitos do consumidor não será apenas no mix de compra, terá efeitos também no seu comportamento no interior da loja o que terá impacto na compra por impulso e na circulação na placa de vendas.
Os primeiros estudos apontam uma redução da frequência de compra, um aumento da cesta média por cada visita à loja e compras menos impulsivas. O cliente é mais objetivo dentro da loja, faz a circulação no seguimento da lista de compras com menos paragens em frente ao linear e diminui as compras por impulso. O ato de ir às compras foi percecionado como um aumento de risco, principalmente na fase de maior contágio e o investimento e implementação de medidas de proteção terá sido essencial para ganhar a confiança do consumidor.
Ao mesmo tempo que ocorrem estas transformações, o momento é uma oportunidade de planeamento estratégico a médio / longo prazo. Enquanto que o aumento de vendas verificado desde os primeiros dias desta crise trouxe importantes rácios de crescimentos L4L, no entanto a rentabilidade não terá o mesmo desempenho, pois esta nova realidade coloca importantes “pressões” na Estrutura de Custos da Operação e no desempenho financeiro.
Certamente vários posicionamentos estratégicos irão dar resposta a esta nova realidade e deixo também o contributo de algumas ideias para esta abordagem, em particular na área da Cadeia de Abastecimento.
A Logística na área do Retalho Alimentar, domina hoje um conjunto de soluções que implementadas de forma sustentada e que poderão dar um forte contributo de criação de valor nesta fase, das quais realço apenas algumas que podem ser implementadas ao longo da cadeia:
Cada um destes sistemas e outros, foram massificados pois representaram além de aumento de eficiência, uma redução do custo operacional. Neste sentido, a Logística da empresa deverá estudar e desenvolver PROJETOS DE REDUÇÃO DE CUSTOS, que numa ótica de “reengenharia” de processos, fluxos de mercadoria e equipamentos, permitam obter poupanças operacionais assumindo a manutenção dos níveis de serviço – uma forma diferente de operar a atividade de cada área com menor custo.
Para esta abordagem será de vital importância em primeiro lugar conhecerem-se os custos diretos e indiretos de cada área da operação logística e que permitam servir como métrica de cada atividade, para seguir a melhoria de desempenho, assim como o alinhamento da gestão de topo e divulgação interna dos resultados obtidos.
Principalmente nesta fase, a Logística deverá ter uma visão mais abrangente e panorâmica da Empresa e dos desafios que se colocam a toda a organização no seguimento desta crise.