Especialistas reforçam a importância da regulamentação, inovação e sustentabilidade no setor da saúde

A 38.º edição do Healthcare User Group da GS1 Portugal, realizada no dia 13 de julho nas instalações da APORMED-Associação Portuguesa das Empresas de Dispositivos Médicos, em formato híbrido, analisou os desafios e as tendências no setor da saúde, nomeadamente no âmbito da regulamentação, inovação e sustentabilidade.

Contando com um grupo restrito de especialistas nas instalações da entidade anfitriã, a APORMED, nomeadamente, a Zebra, The Leeds Teaching Hospitals (NHS Trust) e GS1 Portugal, esta iniciativa, que resulta da parceria entre a GS1 Portugal e a APORMED, começou pela divulgação das atualizações relativas ao Regulamento dos Dispositivos Médicos. Dando conta destas atualizações e do respetivo impacto em Portugal, Ana Domingos, Regulatory Affairs Specialist da APORMED, destacou que a inovação e a competitividade da indústria dos dispositivos médicos estão a ser prejudicados pelo processo definido, que obriga à intervenção dos organismos notificados. Sobre esta matéria, Ana Domingos deixou em aberto a questão: “Se estamos a dificultar tanto estes processos e não temos organismos para certificar os produtos, alguma empresa quer investir (…) e pagar taxas sem fim para colocar aqui os produtos ou há outros mercados mais fáceis?”.

A Regulatory Affairs Specialist da APORMED relata que 24 Ministros da Saúde da União Europeia propuseram a aplicação de medidas legislativas que permitissem otimizar o Regulamento dos Dispositivos Médicos, mas, ainda assim, este processo está repleto de desafios.

João Ramos, Territory Account Manager da Zebra, e Thomas Duparque, Healthcare Business Development EMEA da mesma organização, apresentaram o ponto de vista do Solution Provider no setor da saúde.

A Zebra oferece soluções de digitalização em toda a cadeia de abastecimento, desde o laboratório até ao paciente. Nesse sentido, João Ramos destaca que o seu papel é fundamental para garantir que os processos de comunicação e gestão de stocks acontecem de forma ágil e segura. “O número de patentes que temos registadas representa um compromisso muito grande e constante para com a profissionalização do processo”, que, por sua vez, contribui para a eficiência das cadeias de valor e para a inovação tecnológica no setor da saúde, explica.

Em Portugal, a falta de profissionais de saúde, bem como a percentagem elevada de população envelhecida que procura serviços primários de saúde, acarreta inúmeros desafios e, por isso, a digitalização e a existência de dispositivos médicos capazes de responder a esta procura são fundamentais.

Tendo isto em conta, Thomas Duparque acrescentou que um dos grandes objetivos e desafios da Zebra passa por “tentar tornar o trabalho dos profissionais de saúde mais eficiente, promovendo a segurança do paciente e reduzindo o erro médico”. Os hospitais em Portugal têm bons níveis de digitalização, notórios a nível global, no entanto, o processo de investimento em certificação digital ainda é moroso, mostrando pouca maturidade digital. “Ainda há trabalho a fazer nesse aspeto”, conclui o Healthcare Business Development EMEA da Zebra.

De seguida, Mark Songhurst, WYAAT Scan4Safety Project Manager do The Leeds Teaching Hospitals (NHS Trust), abordou a perspetiva internacional sobre o uso dos standards GS1 para a codificação de produtos nas cadeias de valor, através do programa Scan4Safety.

Este programa visa melhorar a segurança dos doentes, a rastreabilidade, a produtividade operacional e a eficiência da cadeia de abastecimento. Nos últimos sete anos, tem vindo a ser implementado em grande escala no seguimento de dois incidentes ocorridos em 2012, no Reino Unido, que trouxeram ao de cima as vulnerabilidades dos sistemas hospitalares.

Mark Songhurst afirma que esses incidentes foram o impulso para a adoção deste programa em busca da melhoria da eficiência e segurança dos processos hospitalares. “Utilizamos os standards GS1 para facilitar a recolha dos produtos” e graças a este projeto, atualmente, “é possível detetar todos os produtos com defeito em menos de duas horas e melhorar a segurança do paciente”, acrescenta, reforçando a importância dos standards e da codificação no setor.

Por fim, a importância da redução da pegada de carbono na cadeia de valor da saúde, foi o principal tópico da intervenção de Gonçalo Dias, Gestor de Projetos da GS1 Portugal. Gonçalo Dias reforçou a necessidade de investir na literacia para a sustentabilidade no setor da saúde, nomeadamente no que diz respeito ao tratamento de resíduos, e na criação de dispositivos mais eficientes, que utilizem menos energia e consigam resistir a climas mais extremos. “Cada vez mais, podemos observar cenários extremos a nível climático, pelo que é importante promover infraestruturas resilientes, que tenham capacidade de dar resposta a esses mesmos eventos”, sublinha.

Ainda no âmbito da sustentabilidade, o Gestor de Projetos da GS1 Portugal relembrou a iniciativa Lean & Green, a maior plataforma europeia de colaboração com vista à redução de emissões de CO2 associadas às operações logísticas e de transportes, que visa incentivar as empresas a alcançar um nível de sustentabilidade mais elevado, pela redução da pegada carbónica. Este projeto da GS1 Portugal atua como um “catalisador para a inovação que permite preparar-nos para o futuro”, conclui.

O encerramento do evento foi da responsabilidade de Sofia Perdigão, Healthcare Manager na GS1 Portugal.

O Healthcare User Group é um grupo de especialistas, interlocutores institucionais e profissionais de saúde com intervenção no setor, constituído pela GS1 Portugal para reflexão e análise das principais temáticas com impacto na cadeia de valor da saúde. Para mais informações ou participação em iniciativas futuras, por favor contacte por favor contacte a GS1 Portugal por e-mail (info@gs1pt.org), ou por telefone ( 21 752 07 51).

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