- O poder do pricing de uma marca pode mudar no ambiente inflacionário à medida que os consumidores procuram valor
- Valor não significa necessariamente “menos caro”
- Para vencer a elasticidade da marca, os fabricantes devem pensar para lá do preço, otimizando os seus portfólios e os preços por arquitetura de embalagem
O novo significado de “valor”
O que valoriza?
É provável que a resposta tenha evoluído ao longo dos anos — e talvez ainda mais nos últimos três. Por exemplo, pense nas mudanças sentidas durante a pandemia. Embora tenhamos voltado a alguma sensação de normalidade, muitos fizeram um balanço do que é importante no trabalho, saúde, lazer, relacionamentos – e, por sua vez, nos hábitos de consumo.
Talvez existisse um maior gasto nos jantares fora, mas agora cozinha em casa porque economiza dinheiro e melhora a saúde. Os seus ingredientes favoritos são, agora, comprados a granel ou está a usar aquele dinheiro extra que gastaria em take-away para melhorar a alimentação com vegetais orgânicos, proteínas de origem sustentável ou chocolates provenientes de comércio justo. Neste caso, o valor não é comprar os itens mais baratos durante a ida ao supermercado – significa fazer stock das marcas preferidas e transformar uma experiência democratizada (cozinhar em casa) num luxo, melhorando para produtos premium.
Os consumidores procuram valor quando a inflação está no topo das preocupações
Se mudou os seus hábitos de consumo, não está sozinho. A pesquisa Consumer Outlook 2023 descobriu que as principais áreas de maior importância para os consumidores incluem bem-estar mental, bem-estar físico, segurança financeira e de emprego e poupança para circunstâncias imprevistas.
Embora as prioridades mudem e os cordões à bolsa apertem, o valor ainda é um espectro, e os consumidores estão a procurá-lo de várias formas.
Esta dinâmica desenrolou-se no estudo recente da NIQ sobre sensibilidade ao preço e comportamento de compra, que descobriu que, quando preparados para pensar sobre seus desafios inflacionários, os compradores não recorriam apenas à negociação para baixo – eles também compravam multipacks da marca favorita.
Embora as taxas de inflação e os preços do CPG (Consumer Packaged Goods) estejam, de forma lenta, a demonstrar alguma melhoria, o caminho de volta ao “normal” é longo. As variações de preços ainda estão muito acima do intervalo de 2-3% pré-pandemia, o que significa que a pressão inflacionária (e a procura pelo valor) provavelmente permanecerá no topo da recordação no futuro próximo.
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Compreender o poder de pricing
O que significa isso para o preço? Estamos a atingir os limites práticos de crescimento que só os preços por arquitetura de embalagem podem alcançar? Talvez. As decisões de preços são relativas: se todos os fabricantes de uma categoria aumentarem o preço, é relativamente seguro fazer o mesmo. Mas se os concorrentes começarem a puxar por outras alavancas – como mudar preços por arquitetura de embalagem e o mix de produtos – os aumentos de preços por si só podem não ser mais suficientes.
Para construir a estratégia de crescimento numa economia volátil é crucial entender primeiro como o poder de pricing (a capacidade de aumentar os preços sem perder a procura) mudou. Como o estudo acima mencionado descobriu, o poder de pricing de uma marca pode mudar quando os compradores estão preparados para pensar sobre pressões inflacionárias antes da ida às compras.
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Um aumento direto de preços por si só não será suficiente para gerar crescimento como antes. Para compensar e manter os concorrentes atentos, as empresas devem considerar puxar outras alavancas disponíveis. Na verdade, a recente meta-análise indicou a eficácia dessa estratégia. Os fabricantes que fizeram alterações diretas e indiretas nos preços — como a otimização do mix de SKU, os preços por arquitetura de embalagem e a construção de poder de pricing com inovação e renovação — tiveram um desempenho de receita 8% melhor do que aqueles que apenas aumentaram os preços.
Não conheça apenas a elasticidade do preço da marca — vença-a
Para pensar além do preço, os fabricantes devem ter uma visão holística de seu portfólio e preços por arquitetura de embalagem, aproveitando dados perspicazes e ferramentas de modelagem dinâmica para tomar decisões informadas.
Deverão ser consideradas três perguntas-chave para otimizar preços por arquitetura de embalagem e pacote de preços:
- Como é que a inflação afeta a base de consumidores?
Compreender as atitudes dos consumidores em relação à situação financeira ajuda no panorama geral. Enquadra as restrições financeiras percebidas e serve como pano de fundo da estratégia. Ao combinar as informações com o comportamento real de compra do consumidor, existe uma perspetiva sobre como as atitudes se traduzem em ação, o que ajuda a dar vida à estratégia.
Deverá existir resposta a perguntas como:
- Quais são as perceções atuais dos consumidores sobre a inflação e as expectativas sobre o futuro?
- Que impacto teve a inflação no poder de compra?
- Que medidas (se for caso disso) estão a ser tomadas para reduzir os custos?
- A base de consumidores procura os artigos com preços mais baixos, mudando para marcas low cost ou marca própria? Ou realizam stock das marcas favoritas?
É necessário otimizar os preços por arquitetura de embalagem entendendo o sentimento, o comportamento e os padrões de gastos do consumidor. Em tempos de dificuldades económicas, é mais provável que uma marca ganhe quando consegue demonstrar aos retalhistas como a sua oferta impulsiona o comportamento de compra.
- Onde estou mais preparado para inovar?
Os dados mostram que os fabricantes que inovam têm 1,8 vezes mais probabilidade de aumentar as vendas gerais, e aqueles que inovam em tempos de crise superam aqueles que não o fazem. Mas deve considerar que as inovações vêm de muitas formas. Ao ter uma visão holística do portfólio (com as aprendizagens do consumidor em mente), podem aproveitar-se dados de inovação para ajudar a identificar novas oportunidades de crescimento nas categorias. Por exemplo, pode expandir entre os níveis de preços para garantir que não perde compradores, jogar com o tamanho da embalagem ou a forma para gerar o máximo valor ou explorar uma nova formulação ou recurso de produto que possa gerar um preço premium.
A partir daqui, é possível continuar a identificar novos espaços em branco onde a marca pode competir – e vencer – o relevante “trabalho a ser feito”. Considerar o uso de novas tecnologias e tendências, como pesquisa e desenvolvimento baseados em IA e práticas sustentáveis, para identificar caminhos para o crescimento, otimizar a estratégia de entrada no mercado e conquistar a boa vontade do consumidor.
- O meu portfólio está a impulsionar a incrementalidade?
Medir a incrementalidade é essencial para o crescimento sustentado, mas a pesquisa mostra que apenas 22% dos fabricantes de FMCG a priorizam, cedo o suficiente, no processo de inovação, e apenas 1 em cada 5 fabricantes a utiliza como um padrão de ação firme. Esta falta de abordagem sistemática pode resultar em estagnação – ou até mesmo perturbar a distribuição da marca.
Assim, é necessário fazer um balanço do portfólio, identificando SKUs de alto desempenho, e determinar se contribuem para a receita ou para a canibalização. Em seguida, as informações devem ser utilizadas para determinar a estratégia de sortido e inovação no futuro. Dever-se-á considerar inovações que alcancem e respondam a um segmento específico, inspirem um trade up ou deem um novo impulso aos hábitos de consumo.
Posteriormente, é necessário garantir que o portfólio e as pipelines sejam avaliados nas métricas certas, integrando sistematicamente a incrementalidade como um padrão de ação, para que seja possível avaliar ajustar à medida que as necessidades dos consumidores e retalhistas evoluam.
Marca certa, embalagem certa, preço certo
Em última análise, os fabricantes devem adotar uma abordagem individualizada e holística para reter os compradores e permanecer competitivos. E com motivadores de valor a alimentar o crescimento das vendas de CPG, entregar a marca certa, na embalagem certa, ao preço certo deve tornar-se o foco principal.
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