Artigo por Isabel Castanheira Coordenadora do Departamento de Alimentação e Nutrição, Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge |
Um estudo publicado recentemente na revista científica Apetite “The use of internet sources for nutritional information is linked to weight perception and disordered eating in young adolescents” descreveu a importância da informação e da desinformação nas escolhas alimentares, o seu impacto nos distúrbios alimentares e na monitorização do peso saudável dos jovens.
O trabalho, da autoria de um grupo de investigadores da universidade da Florida, evidencia o papel das novas tecnologias como veículo da informação suportada por dados científicos credíveis que conduz a escolhas de alimentos mais ou menos saudáveis.
Este artigo recordou-me a experiência pessoal que vivi, recentemente, quando confrontada com a necessidade de perda de peso para atingir valores aceitáveis. A razão tem a ver o excesso de peso, um fator determinante, na fase inicial da artrite reumatoide, do joelho.
Numa consulta de nutrição foi-me recomendada a utilização de uma aplicação no meu smartphone para monitorizar o teor nutricional dos alimentos que ingiro diariamente. O diário alimentar tornou-se assim um amigo cordial, que me avisa do teor de proteína, gordura, sal, hidratos de carbono e de alguns micronutrientes que ingiro ou da sua falta , bem como do aporte calórico por alimento e por refeição.
Ao colocar o nome do alimento no motor de busca, permite o acesso à lista de alimentos disponíveis na base de dados e depois de clicar no que tinha ingerido ou que ia ingerir, aparecia-me no ecrã o seu perfil nutricional que se vai somar ao dos outros alimentos que já tinha ingerido ou que tinha propósito de ingerir.
Mas, o que mais me fascina são as escolhas que faço no supermercado. A minha aplicação possui um leitor de código de barras que mostra no ecrã o perfil nutricional do alimento que estou a optar.
Curiosa, como sou destas matérias, refleti sobre a importância da informação nutricional associada ao código de barras. Esta informação torna-se um aliado de grande intimidade que me permite no supermercado e através da leitura do código de barras optar por um alimento mais ou menos calórico e projetar o meu aporte diário.
Esta informação tem sido fundamental para seguir uma dieta equilibrada com o perfil nutricional recomendado pelo meu nutricionista e pelo meu reumatologista, mas em que eu faço parte da escolha.
Fiquei a pensar na importância dos produtos alimentares com informação nutricional, no código de barras e na sua importância nos mercados competitivos nacionais e internacionais.
Que bom que é, num supermercado da união europeia ser-me facultado um produto alimentar português que no seu código de barras incorpore o valor nutricional de nutrientes chave.
Esta reflexão também me catapultou para a “branded foods” uma base de dados de alimentos a que podemos aceder no site FoodDataCentral https://fdc.nal.usda.gov e que é o resultado de uma parceria entre a Administração Americana (USDA ) e a GS1 americana.
A base de dados “branded foods” permite através do nome comercial do produto obter o seu perfil nutricional. É de acesso global livre e pode ser exportada para qualquer aplicação que incorpore diários alimentares.
Pois, perguntará o leitor, mas fez efeito? Bem! perdi os quilos que o meu reumatologista e a nutricionista tinham planeado, associado à minha liberdade de escolha.
Como é importante o conhecimento em cocriação! Esta soft skill que permite reunir nutricionistas, químicos alimentares, informáticos e a indústria é uma aliança que desenhará a longevidade, aquilo que todos almejamos. Em Portugal, tem a sua génese no protocolo assinado entre o INSA que tem a custódia da tabela de composição de alimentos e a GS1 Portugal.